SAMARCO: AS VIDAS PROVISÓRIAS DOS ATINGIDOS PELO DESASTRE DA SAMARCO
As vítimas do rompimento da barragem de Fundão esperam há dois anos pela chance de retomar seus lares, seus trabalhos e suas histórias BRUNO CALIXTO| DE MARIANA “É uma casa rosa”, diz Eliane Salgado, enquanto nos guia por onde um dia foi a Rua São Bento. O caminho é curto: uma pequena ladeira que ligava a Igreja São Bento à Igreja das Mercês. O chão está coberto por uma poeira fina, cor de argila. O tempo está seco. Ruínas vão surgindo conforme caminhamos. À esquerda, a antiga Escola Municipal Bento Rodrigues está tomada pelo mato. Do outro lado, uma mesa de pebolim atravessa a janela de outro escombro, encrostada de lama. As casas que se sucedem, também tomadas de lama e mato, não têm janelas, telhados ou portões – tudo foi saqueado. Pouco antes de chegarmos, Eliane suspira. “Não. Minha casa era rosa. Agora nem cor tem mais.” Estamos em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Minas Gerais. Outrora um vilarejo rural, é agora uma cidade fantasma, com acesso controlado pela...