Ativista moçambicano expulsado do Brasil volta ao Rio e diz que foi ameaçado pela Vale
19/06/2012
Impedido de entrar no Brasil na semana anterior, o jornalista e ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe foi recebido na noite de segunda-feira 18 de junho com festa no aeroporto internacional do Galeão, na zona norte do Rio. Cerca de cem pessoas do movimento Justiça Ambiental-Amigos da Terra, do qual ele faz parte, recepcionaram o jornalista.
"A recepção foi fantástica, fruto do apoio tanto da sociedade civil brasileira como do mundo reunida no Rio de Janeiro [para a Rio+20]. A manifestação corresponde à solidariedade que eu recebi nesses seis dias", afirmou Jeremias no desembarque.
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Após ter sido barrado no aeroporto em São Paulo ao tentar ingressar no Brasil para participar da Rio+20, o ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe foi recebido com festa ao desembarcar novamente no país, na noite desta segunda-feira (18), dessa vez no Aeroporto Internacional doRio de Janeiro (Galeão), na Ilha do Governador.
Desde as 20h30, um grupo animado de cerca de 100 pessoas fazia verdadeiro carnaval no sagão do aeroporto, batucando e cantando palavras de ordem em apoio ao moçambicano. Jeremias chegou no setor de desembarque do Terminal 2 por volta das 22h. Muito aplaudido, chegou a ser carregado pelo grupo que festejava sua volta ao Brasil.
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O moçambicano integra a ONG Justiça Ambiental, que tem criticado a atuação da mineradora brasileira Vale em Moçambique. Ele pretende divulgar suas queixas naCúpula dos Povos, evento paralelo à conferência da ONU.
Jeremias foi mandando de volta ao chegar ao Brasil, através do aeroporto de São Paulo, mesmo com toda a documentação necessária para ingressar no país. No passaporte, foi carimbada a palavra "impedido", informando que ele consta do Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.
Jeremias classificou a situação como revoltante. "Até porque até agora não há explicação sobre o que aconteceu", afirmou. Segundo ele, a Polícia Federal agiu com "prepotência", mas ele adiantou que a diplomacia brasileira resolveu seu problema ao desbloquear sua entrada no Brasil.
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Em Moçambique, Jeremias tem se dedicado a documentar o reassentamento de 1.365 famílias nas cidades vizinhas de Moateze e Catembe por conta da exploração mineral da Vale na região. "Eles perderam suas terras, seus bens e nos últimos anos têm resistido e denunciado as situações a que foram submetidos. Famílias são ameaçadas e perseguidas, assim como eu fui ameaçado e perseguido", afirmou o moçambicano.
Fonte: G1 - O Globo - 18 de junho de 2012
Em abril a Vale admitiu erros em cateme, Moçambique, e a possibilidade de fazer melhor. Veja aqui.
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