Para pressionar a comunidade, o IEMA quer dar a Licença Prévia para siderúrgica
A primeira audiência pública (2° rodada) para debater a construção da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU/Vale), em Anchieta, foi realizada nesta quinta (7) e deixou os ambientalistas do sul do Estado um tanto quanto revoltados. Em um relatório, o Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama) afirma que o órgão ambiental agiu como empreendedor, defendendo a siderúrgica e ignorando os receios da comunidade local.
Segundo a ONG, o mesmo comportamento foi visto também nas demais audiências realizadas no município de Guarapari e Piúma, durante a primeira rodada de audiências, só que desta vez, a omissão do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), foi ainda mais longe.
Durante a audiência que durou cerca de seis horas, os questionamentos foram feitos, inclusive, em relação à saúde da comunidade local, já que um estudo epidemiológico feito em 2008 na região constatou que apenas a poluição da Samarco Mineração S/A, que não é pouca, é responsável por agravar doenças crônicas na região.
“Queremos saber como será feita à instalação de uma siderúrgica em uma região que já sacrificou sua população uma vez. Como trazer uma siderúrgica para uma região que já sofre com tanta poluição”, questionou Bruno Fernandes, do Gama.
Segundo o Gama, nenhuma resposta neste sentido foi respondida pelo Iema ou pela CSU durante as audiências. A informação era de que os questionamentos serão respondidos por correio ás entidades da sociedade civil organizada.
Neste sentido, também não foram respondidos à sociedade o que será feito para proteger a sociedade da liberação do benzeno – liberado na forma de gás durante o processo de transformação do carvão em coque – e nem sobre os 9,7 milhões de toneladas/ano de CO² que serão liberados pela CSU na região.
A exposição ao benzeno pode gerar toxicidade gastrointestinal e neurológica, anemia, leucopenia (produção insuficiente de glóbulos brancos), entre outras doenças já registradas em regiões onde os níveis de poluição permitidos por lei já foram ultrapassados por grandes indústrias, como é o caso de Anchieta. .
As questões relativas ao consumo de água na região também não foram respondidas. Segundo a ONG, quando o assunto é o recurso hídrico os números apresentados tanto pela CSU/Vale quanto pelo Iema, mudam constantemente.
“O Rima informa que a vazão média entre 1950 a 2005 do Benevente é de 5290 litros por segundo (pag. 26), na audiência apresentaram um novo numero, sendo vazão de referencia 7440 litros por segundo”, diz o relatório sobre a audiência feita pelo Iema e CSU no último dia 7.
Segundo Bruno Fernandes, o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da CSU/Vale, com 14 folhas, é o pior já visto pelo ambientalista e o processo de Licenciamento Prévio (LP), não corresponde ao que é previsto por Lei.
“A LP não pode ser concedida a uma empresa que não tenha a propriedade de terra de onde quer construir como é o caso da Vale. As terras pertencem a comunidade de Chapada do A e Monteiro. E a primeira, já declarou em plebiscito que não irá vender suas terras à empresa”, denunciou.
Para os ambientalistas, a permissão do Iema para que se tramite um processo de LP nestas condições é suspeita é vergonhosa e pode ser considerado mais uma arma da Vale para pressionar as comunidades a vender suas terras.
Durante as audiências, inclusive na realizada no último dia 7, diz o ambientalista, a diretoria do Iema portou-se como empreendedor defendendo o empreendimento e ignorando os impactos que serão gerados à população do entorno.
Por: Flavia Bernardes
Fonte: www.seculodiario.com
Comentários
Postar um comentário
Exerça à cidadania, contribua com Anchieta.