MPES é acionado para conter pressão da Vale sobre moradores da Chapada do A


A transnacional Vale voltou a pressionar os moradores de Chapada do A, em Anchieta (sul do Estado), espalhando mentiras a respeito dos desdobramentos do processo de implantação da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU). A movimentação visa a criar um clima de desespero na comunidade, para que, assim, os proprietários vendam suas terras à empresa. Em ofício encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini, o Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama) solicita uma visita ao bairro e cobra providências.
Esta não é a primeira vez que a Vale aterroriza os moradores da Chapada do A, para conseguir comprar a área, local onde pretende instalar a siderúrgica. O próprio Gama já havia denunciado que o vice-presidente da CSU, Dimas Bahiense, tentou cooptar uma liderança religiosa da comunidade. Comportamento comparado pela entidade ao período da ditadura militar.
Agora, a empresa mudou o discurso, divulgando no bairro que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) já teria concedido a licença ambiental necessária ao empreendimento e que, portanto, os moradores serão obrigados a venderem as casas, em breve.
Também tem feito parte de manobra da Vale espalhar a informação de que depois de ter o documento em mãos, as ruas serão fechadas e os moradores perderão dinheiro, já que os preços serão desvalorizados.
No ofício, o presidente do Gama, Bruno Fernandes da Silva, ressalta a amizade de Zardini com o governador Paulo Hartung, defensor dos grandes projetos poluidores, e enfatiza: “Não podemos acreditar que isso está sendo articulado pelo imperador general Hartung, até porque a ação do MPES também está subordinado ao princípio da imparcialidade e tantos outros da Constituição cidadã”.
Além disso, aponta irregularidades no processo de licenciamento da CSU, que tem gerado inúmeros prejuízos sociais, como invasões na Guanabara, bairro que inclusive já mudou de nome, como denunciado duas vezes ao Ministério Público do Estado, sem qualquer resultado. O Gama defende a suspensão do licenciamento.
A Vale não possui a titularidade das terras onde quer se instalar, nas comunidades tradicionais de Chapada do A e Monteiro. As famílias que residem nos bairros já afirmaram que não têm interesse em vender as propriedades à transnacional. Manter o andamento do processo, sem a titularidade das terras, é o que viabiliza a pressão exercida tanto pela empresa, como também pela prefeitura de Anchieta, que chegou a contratar técnicos para avaliar as terras e informar às famílias que ali seria construído uma siderúrgica.
Apesar de não possuir a posse das terras, o processo para emissão da Licença Prévia (LP) segue na Câmara de Grandes Projetos do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema). A siderúrgica terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas/ano de aço, o que representará a emissão de 9,7 milhões de toneladas de CO², no mesmo período.

Por: Manaira Medeiros 
Fonte: www.seculodiario.com , em 16/11/2010

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