A cópia de uma tragédia anunciada
O que está acontecendo no Rio de Janeiro, com a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), é uma espécie de cópia xerográfica do que poderá ocorrer no Espírito Santo com a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU).
Tal quadro de desmandos ambientais no interior fluminense deveria servir de alerta para as autoridades capixabas do setor.
Trocando em miúdos: trata-se de empresa que, antes mesmo de operar a plena carga já se tornou responsável por impactos ambientais capazes de motivar multas no montante de R$ 16,8 milhões.
Ou seja, CSA e CSU são projetos idênticos em termos de degradação ambiental, o que significa dizer que os riscos a que está exposta a população fluminense são os mesmos a que nós, capixabas, estaremos expostos em breve.
Lá, contudo, as autoridades da área parecem estar mais atentas a esses riscos – ou pelo menos às preocupações da população do entorno – e vêm agindo algum critério para preveni-los, enquanto aqui as populações potencialmente ameaçadas estão ao desamparo.
Um exemplo desse maior cuidado do governo fluminense está no fato de a produção CSA só começar efetivamente em 2012.. Não que isso signifique uma ação preventiva – é mais uma forma de adequar as operações às determinações da legislação ambiental, porque desde julho de 2010, quando entrou em operação, dois acidentes graves aconteceram e ambos atingiram as comunidades que vivem no entorno da empresa.
A CSA vinha funcionando com uma licença de pré-operação. Terá, portanto, um ano para garantir que acidentes graves não mais ocorram até que comece a produzir em toda a sua capacidade.
A empresa tem dito que está adotando o adiamento voluntariamente, mas isso não é bem uma verdade.
A verdade é que ela se encontra sob pressão intensa da população do entorno e não teve outra saída senão anunciar a decisão de adiar seu pleno funcionamento.
Essa cópia xerográfica de uma tragédia anunciada precisa ser lida com atenção e cuidado aqui no Espírito Santo, onde o sentimento é de apreensão. Porque a CSU, no Espírito Santo, será construída nos mesmos moldes que nortearam o projeto da CSA, no Rio de Janeiro.
Isso ficou muito claro durante os debates entre comunidade, técnicos responsáveis pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Vale e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). No grupo dos ambientalistas, há o temor generalizado de que os riscos da poluição flagrada no Rio de Janeiro se repitam em Anchieta.
Portanto, senhores, todo cuidado é pouco.
editorial - Jornal Online Século diário
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