Atingidos pela Vale farão encontro internacional em Anchieta dias 13 e 14

No próximo final de semana (dias 13 e 14), será realizado em Anchieta (sul do Estado) o III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale. O evento contará com representantes dos países nos quais a Vale gerou impactos à população. Em dois dias de debates, eles contarão suas experiências de resistência e luta diante dos impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela mineradora.
No ano passado, mais de 160 participantes de 80 organizações, movimentos sociais e sindicais de Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Itália, Moçambique, Nova Caledônia, Peru e Taiwan se reuniram para discutir a política classificada como “agressiva e predatória” da Vale.
Em dezembro do ano passado, o encontro foi realizado no Rio de Janeiro e teve como objetivo levar à sociedade o conhecimento sobre “a suposta sustentabilidade proposta pelos grandes empreendimentos no Espírito Santo”. Na ocasião, os depoimentos deixaram claro que, por trás da propaganda de desenvolvimento e sustentabilidade, grandes empreendimentos como a Vale deixam um rastro de instabilidade econômica, migrações, impactos ambientais, queda na qualidade de vida e de destruição de culturas.
Já este ano, a intenção é dar continuidade aos debates, mas, sobretudo, fortalecer a luta e a resistência das 73 famílias descendentes de indígenas que a Vale quer retirar da localidade chamada Chapada do A, para construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU).
Neste contexto, no  sábado (13), os debates serão realizados na quadra poliesportiva da Chapada do A das 8 às 12 horas e das 14 às 16 horas. Ainda no sábado, durante a noite, haverá um ato de solidariedade à luta contra a construção da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), da Vale, em Anchieta.
A informação é que durante o ato que será realizado das 19 às 22 horas, na quadra de esportes da comunidade Chapada do A, os representantes de cada região atingida pela mineradora terão um tempo para informar como se dá a luta contra os impactos na sua região ou setor. Já no domingo (14) os debates serão realizados na Câmara de Vereadores de Anchieta, das 8 às 12 horas.
O evento é organizado pelo Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), Associação de Pescadores de Ubu e Parati, Associação de Catadores de Caranguejo, Associação de Moradores da Chapada do A e Rede Comuna Verde.
Dossiê da Vale
Lançado no ano passado no Rio de Janeiro, o “Dossiê dos impactos e violações da Vale no Mundo” foi lançado no Rio de Janeiro e conta com a contribuição das experiências de  capixabas, mineiros, cariocas e  representantes de cinco continentes sobre os impactos e as violações de direitos humanos cometidos pela empresa.
O documento mostra estratégias utilizadas pela empresa para obter lucros e se tornar competitiva, sem se importar com os impactos ambientais, sociais, econômicos e com o desrespeito aos direitos das populações atingidas.
“Em janeiro de 2010, o valor de mercado da mineradora chegou a US$ 139,2 bilhões, o que a colocou na 24ª posição entre as maiores companhias do mundo, segundo o “Financial Times”, diz o documento. Frente a essa realidade, o estudo, elaborado de forma coletiva, destaca problemas por trás deste crescimento da empresa: custos sociais e ambientais ignorados no discurso e relatórios oficiais da transnacional.
Através do dossiê, atingidos pela Vale tiveram a oportunidade dar  visibilidade aos fatos que  estão por trás do crescimento da mineradora, principalmente as situações vividas por moradores das áreas pretendidas pela empresa, populações do entorno dos empreendimentos da Vale e trabalhadores e trabalhadoras da empresa.
Dos diversos casos de violações de direitos relatados no documento, destacara-se o caso das cinco siderúrgicas na Estrada de Ferro dos Carajás, que afetam diretamente a população local e poluem os rios. Casos como a construção da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) em Anchieta, sul do Espírito Santo, em que a mineradora quer desabrigar famílias descendentes de indígenas para construir seu empreendimento e a poluição gerada pela mineradora no Porto de Tubarão em Vitória, também foram ressaltados.
Fora do País, os relatos também não são diferentes. No Peru, a denúncia é sobre o uso de milícias armadas e aparatos de segurança ilegal para dividir e amedrontar famílias que se opõem aos empreendimentos. No Canadá, a empresa tenta rebaixar direitos de aposentadoria e remuneração de trabalhadores da Vale Inço, na cidade de Sudbury, a 400 quilômetros de Toronto.
A conivência do poder público com a mineradora ficou nítida em depoimentos dos representantes dos cinco continentes onde existem comunidades atingidas pela mineradora. Segundo os representantes das populações afetadas, além do poder público a Vale conta ainda com os meios de comunicação e com propagandas publicitárias milionárias para vender uma imagem de sustentabilidade.
Ao todo, participaram do encontro em 2010, no Rio de Janeiro, que deu origem ao dossiê, representantes de comunidades atingidas pela Vale de Brasil, Canadá, Chile Argentina, Nova Caledônia, Peru, Equador e Moçambique, além de observadores da Alemanha, Itália, Estados Unidos e França, tornando possível, portanto, coletar diferentes relatos sobre as irregularidades cometidas pela empresa.
Por: Flavia Bernardes
Fonte: http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=16102 

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