O QUE VOCÊ VAI GANHAR COM A SIDERÚRGICA?
Se o que estiver reservado para Anchieta, sul do Estado, com a instalação do novo projeto da Vale, for próximo àquilo que tem ocorrido no Rio de Janeiro, com a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) – parceria entre a Vale e a alemã Thyssen Krupp –, os capixabas podem se preparar para o pior. A intenção é tornar os dois empreendimentos os maiores do mundo, com produção de 5 milhões de toneladas de aço por ano. Por aqui, o processo ainda está começando. Mas, na capital fluminense, não cessam os impactos ambientais e sociais, desde 2006, quando começaram as obras da siderúrgica.
No estado vizinho, já são cerca de 27 mil os trabalhadores temporários ( QUE SERÃO DEMITIDOS E IRÃO PARA ONDE ? ), atraídos pelas falsas promessas de emprego, que serão utilizados somente na fase de construção. Demitidos, obviamente engrossarão as favelas da cidade, aumentando os índices de criminalidade. Preocupações que as entidades do sul do Estado não cansam de destacar, lembrando que Anchieta tem 16 mil habitantes ( área urbana )que não terão para onde ir quando tal mão de obra não for mais necessária.
No Estado, já há pedido para que os promotores estaduais socorram Anchieta, sobre a favelização existente no município, e que somente irá se agravar com um empreendimento desse porte, levando-se ainda em consideração que a região já está mais do que saturada de projetos poluidores. Apesar dessa triste realidade, nada tem sido feito para evitar os problemas sociais gerados. A exemplo não só da violência, mas também da falta de capacidade de atendimento nos serviços de saúde, educação e saneamento, só para citar alguns.Poucos meses após o anúncio da siderúrgica em Anchieta, já há constatações de que uma nova favela foi criada, e ainda com o apoio da prefeitura, na comunidade de Praia de Guanabara, em lotes invadidos, com o agravante de ficarem próximos à área de preservação.
Há muito tempo o caos domina o município, tornando inviável receber mais um projeto deste tipo, pelo menos até que sejam adotadas ações emergenciais para minimizar os impactos e capazes de oferecer o mínimo de dignidade à população.
Para piorar, como tudo que ocorre no Espírito Santo, quando o assunto se refere às grandes empresas poluidoras, os processos são marcados sempre pela falta de transparência. Os moradores não são munidos das informações necessárias sobre os projetos. Vale lembrar que, atualmente, 35% de Anchieta já estão tomados por área industrial, sendo pelo menos 20% pertencentes à Vale.A produção prevista, de 5 milhões de toneladas por ano, aos que não se lembram, é o mesmo anunciado para o projeto dos chineses da Baosteel, que o governo do Estado, depois de muitos festejos, se valeu de justificativas ambientais para recuar. Na época, falou-se do colapso hídrico da região, até 2012, e dos índices de poluentes no limite do permitido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). É AGORA MUDOU?
Não restam dúvidas, portanto, de que não há a mínima condição de a região receber tal siderúrgica, sem contabilizar ainda mais prejuízos, e que custarão muito caros à população.O exemplo do Rio de Janeiro não é trilha de filme de ficção, e sim, o retrato de como agem essas empresas, na busca por seus objetivos.
A Vale que pratica crimes por lá é a mesma que vai acabar com Anchieta.Muda apenas o cenário.
Manaira Medeiros - Jornalista e especialista em Educação e Gestão Ambiental
Comentários
Postar um comentário
Exerça à cidadania, contribua com Anchieta.