Vale derrama minério de ferro em praia do Espírito Santo

Não foi à toa que no último dia 14 de junho os pescadores da praia de Camburi se revoltaram com a grande quantidade de pó preto encontrada na areia. O motivo de tanta reclamação foi um derramamento de minério de ferro pela Vale na região norte da praia de Camburi no dia 7 de junho, mas o crime ambiental foi ocultado da sociedade tanto pela empresa como pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).

Segundo denúncia feita à Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), esta semana, o minério alterou a cor da areia que ficou vermelha após o acidente e deixou uma larga faixa de minério de ferro em diversos pontos.

No dia 14 de julho, pescadores da região chegaram a reclamar da grande quantidade de minério nas areais da praia. Entretanto, foram informados pelo Iema que a Vale implantou e continua em andamento com a última etapa de construção da Wind Fence, o que deveria reduzir pela metade a emissão de particulados pela mineradora.

Na ocasião, os pescadores reclamaram da textura da água e da coloração da areia, mas foram ignorados. Assim como eles, a AAPC também não gostou de ser a última a saber do acidente. Indignado, Paulo Pedrosa, da associação, ressaltou que há dois anos dialoga com a empresa e com o Iema para garantir a recuperação e preservação da praia e que  não aceita a omissão da empresa e nem do Iema, diante o direito de informação da população. A AACP só foi informada sobre o derramamento 55 dias após o ocorrido.

O passivo da empresa na região é antigo e possui inclusive um processo no Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), para que ela retire 50 mil m³ de minério acumulados no fundo do mar. A medida é conseqüência de anos de despejo indiscriminado de minério de ferro no mar de Vitória pela empresa. Ao todo, foi despejado minério no mar de Camburi até o ano de 2002 e desde 2003 existe um processo no Iema relativo ao “Plano de Recuperação do Passivo da Praia de Camburi” que prevê a dragagem, ao todo, de 150 mil m³ de sedimentos da praia.

A previsão, conforme a última reunião realizada entre a associação e a Cepemar, contratada para executar o plano, é que a dragagem dure em um ano, por se tratar de um trabalho delicado, já que os sedimentos podem se espalhar, alastrando a contaminação.

Já o novo derramamento de minério pela empresa foi confirmado pelo Iema, porém, nem a quantidade e nem a multa que será aplicada à empresa foram divulgadas pelo órgão. Entre os ambientalistas e oceonógrafos que presenciaram a contaminação da região, a ação da mineradora pode ser enquadrado em artigo grave da legislação ambiental.

Segundo Paulo Pedrosa, da AACP, as pessoas que tiverem mais informações sobre o problema, ou quiserem contribuir na luta para a recuperação e conservação da praia de Camburi, devem entrar em contato com a entidade através do email aapcamburi@hotmail.com


Fonte: http://seculodiario.com/exibir_not.asp?id=15272

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