Estudantes da Ufes se manifestam contra construção da CSU em Anchieta


A resistência contra a construção de uma siderúrgica no balneário turístico de Anchieta, no sul do Estado, é cada vez maior. Desta vez, foram os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que reagiram à ideia por meio de uma moção. O documento apoia a resistência dos moradores da Chapada do Á é contra a instalação da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), pela Vale, na região. O documento foi feito após a reunião de delegados e delegadas da Ufes, em Alegre.
Segundo os estudantes, a rejeição à instalação da CSU - assim como a população que a Vale quer ‘desapropriar’ – se dá pelas seguintes razões: indisponibilidade hídrica do rio Benevente para abastecer a região, a indústria e o as milhares de pessoas que devem para chegar à região na fase de construção do empreendimento; a poluição do ar (que na região já atingiu os limites máximos permitidos por lei) e pela necessidade de erradicar duas comunidades (Chapada do A e Monteiro) para a construção da siderúrgica.
“As águas da bacia do Rio Benevente são insuficientes para atender sequer à demanda do crescimento populacional previsto para aqueles municípios do litoral sul que dela se abastecem, tais como Guarapari, Alfredo Chaves, Piúma e Anchieta, com o boom econômico previsto com a exploração de petróleo e gás já em curso. No carnaval passado já ocorreu falta de água potável em Guarapari e no bairro Jabaquara, em Anchieta”, relata a moção.
Os estudantes ressaltam que a siderúrgica é um dos ramos mais poluentes da indústria não apenas no que diz respeito à contaminação do ar, mas também das águas, do mar e dos manguezais, para onde está prevista a evasão de seus efluentes.
A moção, que foi divulgada também pela internet, recebeu apoio de estudantes de outras instituições, ONGs e de membros de conselhos ambientais do Estado.
No que diz respeito ao processo de licenciamento da CSU, que já tramita no Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), grupos da sociedade civil afirmam que há muito o que ser esclarecido. Eles têm dúvidas sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que, segundo as ONGs, é praticamente idêntico ao que foi utilizado pela Baosteel, rejeitada pelo Estado devido aos impactos ambientais e sociais que geraria à região. Entretanto, o estudo foi aceito pelo órgão, que chegou a informar as entidades que foram feitas alterações no projeto para a adaptação à região.
Há dúvidas ainda sobre a falta de alternativas para a construção da siderúrgica, que quer retirar famílias de suas terras para construir o empreendimento.  Estas famílias, além de repudiar a proposta de entregar suas terras, vêm denunciando forte pressão da empresa, inclusive com conseqüências na estrutura familiar por parte de técnicos contratados pela Vale.
Na região, falta também  estrutura para os que chegam e para os que há anos vivem lado a lado com as promessas de minimização dos impactos gerados. Há dois anos, por exemplo, foi inaugurada a obra de uma escola do Senai, em um terreno doado pela Samarco. A pedra fundamental da instituição foi lançada na presença do governador do Estado, Paulo Hartung, de representantes da Samarco e do poder público estadual e municipal, mas até hoje ela não foi construída. E a expectativa é que cheguem à região entre 30 mil e 40 mil trabalhadores de diversas partes do País.
No município de Anchieta, tido como um balneário turístico, já funcionam a mineradora Samarco S/A e a Petrobras. Além do porto da Petrobras, da siderúrgica e da nova usina da Samarco (que já possui três usinas na região), estão previstos um mineroduto e uma ferrovia, que também gerarão impactos à região.
 Por Flávia Bernardes

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