Em ANCHIETA esgoto é lançado no MANGUEZAL sem tratamento e veja os numeroS da corrupção
Corrupção mata mais do que vidas
Por: Rodrigo M. Rossoni - Transparência Capixaba
Por: Rodrigo M. Rossoni - Transparência Capixaba
Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstra que um aumento de 1% no número de pessoas com acesso a serviço de água e esgoto reduz em 6,1% o índice de mortalidade em crianças menores de 14 anos. A relação entre investimentos em saneamento e óbitos infantis permitiu chegar ao custo de uma vida: cada 50 mil reais desviados do erário público representam a morte de uma criança.
Este é um conhecido estudo, amplamente divulgado com a intenção de alertar a sociedade para o fato de que a corrupção mata. Mas o que está oculto nos números apresentados é aquilo que chamo de "frieza da estatística". Um por cento, seis por cento, cinquenta mil, dois pontos percentuais para mais ou para menos - nada disso é realmente chocante, se não pensarmos que o desvio de verbas públicas mata, além da vida, a dignidade e o direito constitucional de acesso à educação, saúde, moradia etc.
Numa análise mais humana ainda, a corrupção não mata apenas um número, mas alguém que teria direito a uma história que nem chegará a ser escrita. Uma criança brasileira morta por falta de responsabilidade política representa numericamente apenas 0,0000005263% da população total do país, mas para sua família ela é bem mais relevante. Quando analisamos dessa forma, a estatística deixa de ser apenas número e se transforma numa ferida que talvez nunca cicatrize. Para seus familiares, sonhos foram dissolvidos e talvez uma grave ruptura social seja estabelecida e eles nunca mais sejam os mesmos. Projetos não se realizarão e perguntas nunca serão respondidas. Que adulto essa criança se tornaria? Seria um jovem brilhante? Seus pais teriam orgulho do homem ou da mulher que se tornou? Seja qual for a resposta, quem amava a criança não encontrará nela qualquer conforto e para nós, que só ouvimos falar dela através da matemática sombria da corrupção, logo teremos outra estatística tão chocante quanto superficial pela qual lamentar e a insignificância percentual que ela representou em nossas vidas nunca será suficiente para nos indignar além do breve período de nossas insensíveis memórias.
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