MANOBRAS DE HARTUNG ERAM PREVISTAS POR ONGs
Sociedade diz não à CSU em
sessão especial na Assembléia
Se a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) for construída em Anchieta vai faltar água no município, em Guarapari, Piúma e Iriri. A informação foi dada na sessão especial marcada pelo deputado Euclério Sampaio (PDT), na Assembléia Legislativa, por praticamente todos que subiram à tribuna da Casa. Em uma sessão lotada, o que se viu foram algumas dezenas de impedimentos, além da indisponibilidade hídrica, que inviabilizam o empreendimento no âmbito ambiental, social e econômico para a região.
Segundo o advogado e ambientalista Nelson Aguiar, a água já faltou em Guarapari e Anchieta e promete faltar mais quando a CSU se instalar na região. Ao todo, a siderúrgica irá consumir um terço da água do rio Benevente, que já se encontra degradado e com áreas com apenas 43 centímetros de profundidade.
Além disso, a CSU pretende contratar, segundo seu Relatório de Impacto Ambiental (Rima), 18 mil trabalhadores para a fase de instalação do empreendimento. Mas, na prática, a previsão é que cheguem mais de 27 mil trabalhadores à região em um município com apenas 17 mil pessoas (incluindo crianças, adultos e idosos). E nenhuma ação para subsidiar a chegada dos trabalhadores foi tomada no município. A previsão é que falte escola, hospitais e sobre violência, tráfico de drogas e favelização em Anchieta.
Para o advogado, a entrada da CSU em Anchieta, que já atingiu os limites máximos de poluição do ar, representará o despejo no lixo pelo Governo do Estado, dos direitos de toda uma nação.“A Vale, na sua fase de ampliação, pagou R$5 milhões à Serra, mais R$5 milhões a Vila Velha e mais cinco a Vitória. Eles anteciparam o princípio de o poluidor pagador, ou seja, estão pagando antes para depois rirem às custas do meu pulmão, dos nossos pulmões. Isso sem falar nos outros prejuízos”, ressaltou Nelson Aguiar (foto na tribuna).
Juntou-se aos ambientalistas e representantes da sociedade civil organizada que luta contra a instalação da CSU no sul do Estado o vereador de Vila Velha Almir Neves. Segundo ele, sua motivação para se juntar à luta surgiu após uma viagem ao norte fluminense. “Vi uma usina sendo construída lá há 12 anos. Diziam que traria desenvolvimento. Voltei após anos à região e o que vi foi um rio morto, um povo que teve que se mudar porque perdeu ali o espaço ambiental que tinha”, ressaltou.Durante as falas, a postura do governo do Estado e do Iema foram constantemente ressaltadas. A aprovação da Jurong, em Aracruz, que irá destruir uma área de relevante importância ambiental; a manipulação das empresas sobre os Conselhos de Meio Ambiente; a criminalização dos movimentos sociais; a postura do governo na saúde e segurança que se reflete também no meio ambiente; o uso de dinheiro das grandes empresas nas campanhas eleitorais; entre outros.Para os presentes, a ausência da Vale, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente; do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema); Cesan e também do prefeito de Anchieta, é o reflexo do descaso com a população desde o início do processo de implantação da CSU.A informação é que a Vale realizou um seminário, marcado às pressas, na mesma data do debate promovido na Ales. No evento a Vale ressaltou o desenvolvimento que, segundo ela, será promovido pela construção de uma siderúrgica em Anchieta.“O governo está empenhado para instalar a CSU ali. Provavelmente estão todos em Anchieta agora, no tal seminário. Mas, vem aí o processo eleitoral e com informações retiradas do Tribunal Regional Eleitoral vou mostrar por que a Vale pode contar tanto com os políticos”, disse o advogado e ambientalista Nelson Aguiar, fazendo referências 1as contribuições das grandes empresas em campanhas eleitorais no Espírito Santo.O não comparecimento do poder público e da Vale à reunião com a sociedade foi bastante criticada. Para o pastor Álvaro de Oliveira, da Assembléia de Deus, “toda loucura que vem ocorrendo no planeta é resultado da falta de compromisso”.Apesar do claro apoio do governo e da influência da Vale em todo o País, os ambientalistas se mantiveram firmes e se mostram cada vez mais fortes. Segundo Bruno Fernandes (foto abaixo), do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), apesar de o governo do Estado “manter em suas mãos vários poderes e possuir um braço em Anchieta, que é o prefeito Edival Petri, a população não vai se furtar ao direito de lutar por direitos legítimos”.Em relação à geração de empregos, que a Vale utiliza inclusive como carro chefe de sua propaganda, o discurso da população é categórico. Nem a população nem os empresários da região querem a cidade invadida por trabalhadores de fora, que, após a fase de instalação, engordarão os bolsões de miséria, os índices de violência e trafico de drogas.Só em Guarapari, alerta Bruno, houve 80 homicídios dolosos registrados no ano de 2008. “Sofremos com o inchaço da Samarco e não queremos passar por isso de novo”, ressalta a população.A informação questionada na sessão foi a de que em lugar nenhum do planeta são aceitos projetos siderúrgicos na área litorânea e que em Anchieta não deveria ser diferente.“Eu nasci em Anchieta, sai para trabalhar e quando voltei para terminar minha vida olhando aquela praia linda fui surpreendida com o pó da Samarco. Hoje limpo a casa pelo menos duas vezes e sou obrigada a utilizar uma bombinha duas vezes ao dia por recomendação médica”, ressaltou a prefessora da Emescan, Maria Helena Rauta.
Chapada do A
Quem tinha dúvidas sobre a rejeição da comunidade de Anchieta sobre a instalação da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) da Vale no município, agora, não tem mais. Em sessão especial na Assembléia Legislativa, o que se viu foi a união de cerca de duzentos moradores de Anchieta e municípios vizinhos contrários à instalação do empreendimento e em apoio à comunidade da Chapada do A, bairro ameaçado de desaparecer caso a CSU seja construída na região.Segundo os moradores do bairro, a pressão na região é intensa. “Recebemos visitas do Grupo Ideias contratado pela Vale e eles afirmam com toda a certeza que a CSU irá se instalar e, portanto, temos três alternativas para deixar a região”, diz a representante da Associação de Moradores da Chapada do A, Richele Maia.As três alternativas apresentadas pela Vale aos moradores descendentes de indígenas que há gerações vivem na Chapada do A são: a compra de uma casa nova, a relocação da comunidade em uma nova área em Anchieta ou indenização em dinheiro.Além das alternativas, os representantes da Vale na região estão invadindo a privacidade das famílias. Ao se depararem com a negativa de vender o imóvel de proprietários idosos, o Grupo Ideias está buscando a solução com filhos e netos dos proprietários, gerando constrangimento e conflitos dentro das famílias.Uma senhora de 79 anos foi uma das vítimas deste golpe e disse que ficou ofendida com a invasão dos representantes da Vale. “Eles não respeitam a nossa decisão e começam a interferir em nossas vidas”, contou ela, que teme se identificar. O receio, inclusive, é um dos sentimentos mais vistos entre a população, que classifica a ação da empresa na região como coação.À sessão especial promovida a pedido do deputado Euclério Sampaio (PDT), na noite dessa quarta-feira (18), por exemplo, nem deputados nem representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e nem a Vale compareceram e o que deveria ser um debate entre as partes se tornou um local de desabafo e de questionamentos contra os desmandos do governo do Estado na área ambiental.
“Eles não respondem aos nossos questionamentos. Pelo contrário, querem deixar claro que não temos força perante a construção da CSU, que por eles é colocada como fato”, desabafou um morador de Piúma que teme se identificar. Ele se diz sensibilizado com a situação da comunidade Chapada do A.
Manobra de HARTUNG
Nessa quarta (17), a Vale realizou o Seminário da Siderurgia da CSU. O evento foi realizado no auditório do Hotel Aquário, no balneário de Úbu, e teve como tema “Aço, Soluções Para a sua Vida” e contou, inclusive, com a presença e participação do prefeito Edival Petri (PSDB).Na avaliação de Petri, a siderúrgica é bem vinda. O prefeito afirmou que está acompanhando de perto todo o processo de licenciamento da siderúrgica, mas, segundo a população, ele não responde aos questionamentos feitos pela sociedade. Prova disso foi o não comparecimento à sessão realizada pelo deputado Euclério Sampaio (PDT) para discutir os impactos da CSU na região.Para os ambientalistas, o seminário, que contou com a presença de representantes do setor público e da Cesan, foi mais um golpe de Hartung para convencer a sociedade de que a siderúrgica trará progresso à região.
sessão especial na Assembléia
Para o advogado, a entrada da CSU em Anchieta, que já atingiu os limites máximos de poluição do ar, representará o despejo no lixo pelo Governo do Estado, dos direitos de toda uma nação.
“A Vale, na sua fase de ampliação, pagou R$5 milhões à Serra, mais R$5 milhões a Vila Velha e mais cinco a Vitória. Eles anteciparam o princípio de o poluidor pagador, ou seja, estão pagando antes para depois rirem às custas do meu pulmão, dos nossos pulmões. Isso sem falar nos outros prejuízos”, ressaltou Nelson Aguiar (foto na tribuna).
Juntou-se aos ambientalistas e representantes da sociedade civil organizada que luta contra a instalação da CSU no sul do Estado o vereador de Vila Velha Almir Neves. Segundo ele, sua motivação para se juntar à luta surgiu após uma viagem ao norte fluminense. “Vi uma usina sendo construída lá há 12 anos. Diziam que traria desenvolvimento. Voltei após anos à região e o que vi foi um rio morto, um povo que teve que se mudar porque perdeu ali o espaço ambiental que tinha”, ressaltou.
Durante as falas, a postura do governo do Estado e do Iema foram constantemente ressaltadas. A aprovação da Jurong, em Aracruz, que irá destruir uma área de relevante importância ambiental; a manipulação das empresas sobre os Conselhos de Meio Ambiente; a criminalização dos movimentos sociais; a postura do governo na saúde e segurança que se reflete também no meio ambiente; o uso de dinheiro das grandes empresas nas campanhas eleitorais; entre outros.
Para os presentes, a ausência da Vale, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente; do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema); Cesan e também do prefeito de Anchieta, é o reflexo do descaso com a população desde o início do processo de implantação da CSU.
A informação é que a Vale realizou um seminário, marcado às pressas, na mesma data do debate promovido na Ales. No evento a Vale ressaltou o desenvolvimento que, segundo ela, será promovido pela construção de uma siderúrgica em Anchieta.
“O governo está empenhado para instalar a CSU ali. Provavelmente estão todos em Anchieta agora, no tal seminário. Mas, vem aí o processo eleitoral e com informações retiradas do Tribunal Regional Eleitoral vou mostrar por que a Vale pode contar tanto com os políticos”, disse o advogado e ambientalista Nelson Aguiar, fazendo referências 1as contribuições das grandes empresas em campanhas eleitorais no Espírito Santo.
O não comparecimento do poder público e da Vale à reunião com a sociedade foi bastante criticada. Para o pastor Álvaro de Oliveira, da Assembléia de Deus, “toda loucura que vem ocorrendo no planeta é resultado da falta de compromisso”.
Apesar do claro apoio do governo e da influência da Vale em todo o País, os ambientalistas se mantiveram firmes e se mostram cada vez mais fortes. Segundo Bruno Fernandes (foto abaixo), do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), apesar de o governo do Estado “manter em suas mãos vários poderes e possuir um braço em Anchieta, que é o prefeito Edival Petri, a população não vai se furtar ao direito de lutar por direitos legítimos”.
Em relação à geração de empregos, que a Vale utiliza inclusive como carro chefe de sua propaganda, o discurso da população é categórico. Nem a população nem os empresários da região querem a cidade invadida por trabalhadores de fora, que, após a fase de instalação, engordarão os bolsões de miséria, os índices de violência e trafico de drogas.
Só em Guarapari, alerta Bruno, houve 80 homicídios dolosos registrados no ano de 2008. “Sofremos com o inchaço da Samarco e não queremos passar por isso de novo”, ressalta a população.
A informação questionada na sessão foi a de que em lugar nenhum do planeta são aceitos projetos siderúrgicos na área litorânea e que em Anchieta não deveria ser diferente.
“Eu nasci em Anchieta, sai para trabalhar e quando voltei para terminar minha vida olhando aquela praia linda fui surpreendida com o pó da Samarco. Hoje limpo a casa pelo menos duas vezes e sou obrigada a utilizar uma bombinha duas vezes ao dia por recomendação médica”, ressaltou a prefessora da Emescan, Maria Helena Rauta.
Chapada do A
Quem tinha dúvidas sobre a rejeição da comunidade de Anchieta sobre a instalação da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) da Vale no município, agora, não tem mais. Em sessão especial na Assembléia Legislativa, o que se viu foi a união de cerca de duzentos moradores de Anchieta e municípios vizinhos contrários à instalação do empreendimento e em apoio à comunidade da Chapada do A, bairro ameaçado de desaparecer caso a CSU seja construída na região.
Segundo os moradores do bairro, a pressão na região é intensa. “Recebemos visitas do Grupo Ideias contratado pela Vale e eles afirmam com toda a certeza que a CSU irá se instalar e, portanto, temos três alternativas para deixar a região”, diz a representante da Associação de Moradores da Chapada do A, Richele Maia.
As três alternativas apresentadas pela Vale aos moradores descendentes de indígenas que há gerações vivem na Chapada do A são: a compra de uma casa nova, a relocação da comunidade em uma nova área em Anchieta ou indenização em dinheiro.
Além das alternativas, os representantes da Vale na região estão invadindo a privacidade das famílias. Ao se depararem com a negativa de vender o imóvel de proprietários idosos, o Grupo Ideias está buscando a solução com filhos e netos dos proprietários, gerando constrangimento e conflitos dentro das famílias.
Uma senhora de 79 anos foi uma das vítimas deste golpe e disse que ficou ofendida com a invasão dos representantes da Vale. “Eles não respeitam a nossa decisão e começam a interferir em nossas vidas”, contou ela, que teme se identificar. O receio, inclusive, é um dos sentimentos mais vistos entre a população, que classifica a ação da empresa na região como coação.
À sessão especial promovida a pedido do deputado Euclério Sampaio (PDT), na noite dessa quarta-feira (18), por exemplo, nem deputados nem representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e nem a Vale compareceram e o que deveria ser um debate entre as partes se tornou um local de desabafo e de questionamentos contra os desmandos do governo do Estado na área ambiental.
“Eles não respondem aos nossos questionamentos. Pelo contrário, querem deixar claro que não temos força perante a construção da CSU, que por eles é colocada como fato”, desabafou um morador de Piúma que teme se identificar. Ele se diz sensibilizado com a situação da comunidade Chapada do A.
Manobra de HARTUNG
Nessa quarta (17), a Vale realizou o Seminário da Siderurgia da CSU. O evento foi realizado no auditório do Hotel Aquário, no balneário de Úbu, e teve como tema “Aço, Soluções Para a sua Vida” e contou, inclusive, com a presença e participação do prefeito Edival Petri (PSDB).
Na avaliação de Petri, a siderúrgica é bem vinda. O prefeito afirmou que está acompanhando de perto todo o processo de licenciamento da siderúrgica, mas, segundo a população, ele não responde aos questionamentos feitos pela sociedade. Prova disso foi o não comparecimento à sessão realizada pelo deputado Euclério Sampaio (PDT) para discutir os impactos da CSU na região.
Para os ambientalistas, o seminário, que contou com a presença de representantes do setor público e da Cesan, foi mais um golpe de Hartung para convencer a sociedade de que a siderúrgica trará progresso à região.
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