CSU no Eixo : CUT - Famopes - Comissão de Folclore do ES, CAP e Sinha Laurinha cobram informação do CONSEMA
Representantes do Consema querem
debater questões ligadas à CSU
Por: Flávia Bernardes
Cinco entidades com representação no Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) estão cobrando o prévio conhecimento sobre o projeto da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), que a Vale quer construir em Anchieta. Segundo o documento enviado à presidente do Consema e secretária Estadual de Meio Ambiente, Maria da Glória Brito Abaurre, os conselheiros querem ter ciência de todos os pontos que considerarem necessários ao melhor conhecimento da proposta da Vale.
Eles querem que, além do direito ao debate sobre o projeto, participem da discussão os técnicos responsáveis em analisar a avaliação ambiental estratégica da chinesa Baosteel, que chegou a ser rejeitada na região após a constatação de indisponibilidade hídrica na região para abastecer população e empreendimento. Cobram também a presença dos técnicos da Vale, responsável pela instalação da CSU, e da empresa Cepemar, responsável pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima) relativos ao empreendimento.
Cobram uma posição do Consema os conselheiros representantes da Comissão Espírito-Santense de Folclore, Central Única dos Trabalhadores, Sociedade Sinhá Laurinha, Federação das Associações dos Moradores e dos Movimentos Populares do Espírito Santo e do Conselho de Autoridade Portuária.
A cobrança das entidades foi realizada após inúmeros questionamentos feitos pela sociedade civil organizada sobre a implantação de uma siderúrgica capaz de produzir 5 milhões de placas de aço por ano no balneário turístico de Anchieta. A intenção é discutir o processo de desenvolvimento defendido para o município e suas conseqüências como o crescimento em curto prazo da violência, falta de infraestrutura (água, luz, esgoto), precariedade dos sistemas públicos de saúde e de transporte deficiente, além de problemas ambientais como os transtornos enfrentados com a poeira em suspensão, erosão de praias, entre outros.
Além da siderúrgica, a Vale quer construir na região um sistema logístico de suporte à CSU que inclui a construção de um porto de águas profundas com capacidade de embarque de toda a produção da siderúrgica e uma ferrovia que deverá atravessar municípos entre Caciacica e Cachoeiro de Itapemirim.
Os projetos fazem parte do que o governador Paulo Hartung chama de 3º ciclo do desenvolvimento no Espírito Santo. A Vale, inclusive, já anunciou a aceleração da construção da sua 8ª usina na serra, que irá agregar à sua produção 7,5 milhões de toneladas/ano de pelotas de minério de ferro. Atualmente, ela já produz, anualmente, 25 milhões de toneladas/ano através de suas sete usinas, as quais deverão ser otimizadas, atingindo portanto uma produção anual de 39 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano.
A informação é que. além da CSU, em Anchieta, a Vale está diretamente envolvida na construção de outros três empreendimentos: ThyssenKrupp CSA, no Rio de Janeiro, com produção prevista de 5 milhões de toneladas de aço; Alpa (Aços Laminados do Pará), em Marabá, no Pará, com capacidade de produzir 2,5 milhões de toneladas; e Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), em parceria com a coreana Dongkuk, com a capacidade de produção anual em sua primeira fase de 3 milhões de toneladas de placas de aço. Para eles, as construções fazem parte de uma estratégia da Vale para desenvolver o setor no País, agregando valor ao minério.
Para os ambientalistas, a Vale está buscando atingir sua capacidade máxima de produção, o que dará a ela autonomia sobre o preço do minério em todo o mundo. Em suas considerações sobre o empreendimento, o Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama) chegou a afirmar que o desenvolvimento proposto não é benéfico para o Estado, o município ou mesmo o País.
“Aqui é mais fácil de construir estes empreendimentos poluidores. Os órgãos atropelam a legislação ambiental em nome de um desenvolvimento que não traz lucros à população, só às empresas. O que eles chamam de 3º ciclo de desenvolvimento nós chamamos de destruição do meio ambiente atrelado a uma queda brusca na qualidade de vida, que já anda mal”, declarou a ONG.
Diante de possibilidades concretas de aprovação da licença para a construção da CSU e da “usinificação” do município de Anchieta, os conselheiros cobram uma reunião no Consema para discutir o empreendimento.
Assinam o documento encaminhado a presidente do Consema, Maria da Glória Brito Abaurre, o conselheiro da Comissão Espírito Santense de Folclore, Sebastião Ribeiro Filho; Vilma Aparecida do Carmo, da CUT-ES; José Marcos Porto, da Famopes; Luiz Fernando Barbosa Santos, da CAP, e Ricardo Miranda Braga, da Sociedade Sinhá Braga.
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